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Livro

"Love, I know you'll be alright, Your chapters end so well Love, I love your welling eyes You're happy I can tell. Love, I know you're doing fine, But I can't help but feel sorry. 'Cause love, your tale will end just fine, But mine is a different story. Mine is a different story." Eu realmente nunca fui o que os outros chamam de "livro aberto". Se um livro fosse, exigiria muito do leitor para lhe entregar o meu enredo - o que fez com quem quisera ter a mim como bíblia de cabeceira, eu nunca desse a chance de ler o sumário, e quem eu jurava minhas dedicatórias, buscava narrativas em outras páginas. Quando me emprestei a ti pela primeira vez, vesti minha melhor capa de animosidade. Tolo eu, sendo apenas um personagem de um clichê romântico adaptado para o cinema ou para uma série de episódios limitados ao fim. Teus olhos ainda recaem sobre mim como se hoje continuasse a usar a mesma capa. Porém, me dei a ti uma segunda vez. Dessa

Santa's stories - ABC

Realmente. A verdade sempre esteve escrita na metáfora mais racional possível - e que, ainda assim, tange o subjetivo e o abstrato. Não importa a ordem da soma, o resultado é sempre o mesmo. Eu não me lembro como nos adicionamos. Poderia ser numa terça a noite ou numa manhã de feriado que resolveu cair em um sábado. Eu não lembro se te vi em dia de sol, de chuva ou se minha visão estava nublada demais para notar que não havia lógica em continuar buscando resolução para esse problema - você. Na tentativa de entender a razão dos meus sins e dos teus nãos, multipliquei meus sentimentos por meio de palavras, derivando em equações textuais completamente irracionais. Aqui, toda Exatidão abre espaço à minha Humanidade. Sangrei o branco dos rascunhos com a tinta da caneta e o branco dos pixels com Times New Roman. Certamente não fiz isso por vaidade a literatura ou a norma culta (a minha pobreza inculta só encontra a luxúria na tentativa ingênua de aliterar ou metaforizar). Fiz isso porqu

Alerta

Rio um riso bobo. Lembro quando estava em sua posição. Os personagens dessa história são diferentes, mas o caráter é o mesmo. Observo teus relatos de longe e me indago se tu já fizestes as questões que eu deveria ter feito a mim mesmo à época, mas que só hoje sou capaz de formulá-las. Quando tu o abraças, acreditas nas mentiras que contas? Confia teu bem nas mãos deste que te apresenta o nome, mas não a história? Não revele a mim, se assim desejar. Sussurra as tuas respostas em segredo a ti, mas escuta-as verdadeiramente. No âmago do teu desejo de que o peito alheio lhe cobrisse mágoas anteriores, chamasse o estranho de amor. As viagens de braços dados, que resultam em fotos apaixonadas, são ótimos filtros que te cobrem da realidade. Esse que te toma pelas mãos e bebe de sua devoção em um beijo lava os lábios em outros. Esse que te olha nos olhos é o mesmo que te venda para o ridiculamente óbvio. E você, ingênuo, o tremula pelas ruas com o orgulho dos mais puros. "Se

Era de Aquário

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Quando você estiver lendo isso, eu provavelmente estarei desembocando em outras bocas que não a tua. E, com sua rigidez, é provável que não me entendas. Eu não peço para que o faças. Nem eu mesmo tenho essa capacidade. É só que - salvando a cota de egoísmo que me é preservado, mas longe de qualquer narcisismo sentimental - eu preciso correr meu caminho . Nessa sequência de enganos que resolvi cometer na vida, você, que poderia ser a correnteza certa para mim, emergiu nos mais impróprios dos momentos. Talvez em outro ciclo de marés de sorte eu seria mais convidativo. Mas, my dear , nesses tempos líquidos eu não posso ser contido. Eu gosto da aguardente que chove em mim e rega a flor da minha pele, me fazendo querer ser sinuoso pelos ralos do mundo. Eu me banho nos pecados oferecidos e deságuo nos braços da morena de lábios torrenciais e cabelos ondulados. Eu alago outras camas com meu orgasmo e me navego pelas noites de danças dessa cidade. E o pior: eu não sinto culpa por lav

Royal Flash

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Versão inspirada no texto "Aviso"  A essa altura tu já deverias saber que não sei jogar poker. Não sei ler teus blefes nem tuas verdades. Não mantenho segredos sob as mangas e, por isso, quando sinto vontade de te mostrar minha inabilidade, boto as cartas na mesa e te aponto o dedo. Peço que não analise isso como uma rodada fraca ou maldosa jogada, mas sim como participantes embaralhados pela vida. Os outros apostadores em nossas vidas virão e sairão até que parceiros fixos refaçam as regras dos nossos joguinhos mentais. Até lá, essa mesa de bar só abarca dois perdedores chutados por Vegas e algumas bebidas baratas. Neste lugar, o banheiro está enfeitado com " Veja que eu não quero as canções dedicadas a você. São melhores agora / Note que não busco ressarcimento dos textos escritos em cadernos rabiscados. Mantenha-os. / Guardemos as palavras trocadas. Nunca poderemos voltar para apagá-las, infelizmente ". O fundo do copo me permite concordar e dizer sem rece

Sepulcro

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"Os amores são como impérios: desaparecendo a ideia sobre qual foram construídos, morrem junto com ela" - Milan Kundera   No Toshiba preto, um CD deixado por quem me jurou fidelidade revela cadáveres de culpas que soterrei com destilados e fermentados.   Me exponho, te exumo, não te eximo, mas te exílio de mim. Ainda lembro quando ficou claro para ambos o quão errado nossa união se desenhava, culminando em nosso assassinato.   _ "Querida, veja bem: há acusados e acusadores, mas nunca seremos mandados ao banco dos réus. Vamos nos sentenciar a solidões individuais do que uma compartilhada", dizia a abertura de algum Nouvelle Vague. Instintivamente nos entreolhamos, como se um buscasse a mesma afirmação nos olhos do outro. A expectativa do instinto se defrontou com a real epifania, que nos acertou como um tiro no peito: éramos uma farsa, mas fingiríamos até mais adiante. Ao menos até ao sairmos do cinema. Terminamos o filme, mas ninguém o assistiu.

Lacuna

Sobre perceber que não pertencemos nem somos pertencidos. 1º ato: Des ejo remanescente Como uma prece pagã, te recitava entre gemidos inexpressíveis e gritos incaláveis na esperança de invocar tua reencarnação. O acaso enterrou teu corpo longe dos meus olhos, mas meu desejo persistia em teu encalço. E por que não persistiria? Abruptamente me deixaste de lado, como quem sem motivo aparente abre a porta d o carro em movimento e empurra para longe de si o passageiro, permitindo que esse levasse em seu tombo apenas uma mala com promessas, projeções e P olaroids. Seu termo forçado obrigou a abreviar o que inocentemente ou pecaminosamente desejava de ti. Orava por tua presença astral como pura beata ao mesmo tempo que implorava teu contato físico como uma amante masoquista. Enquanto não te ressuscitava, me martirizava por perder-te. "Por que não te disse isso antes?", "Por que não te encontrei mais?", "Por que exaltei o tempo e evitei de falar contigo?